RAZÃO E SENSIBILIDADE: UM OLHAR SOBRE A OBRA DE JANE AUSTEN

 


   Publicado em 1811, Razão e Sensibilidade , de Jane Austen, explora a delicada relação entre emoção e racionalidade, protagonizada pelas irmãs Elinor e Marianne Dashwood. Austen construiu uma narrativa sobre os valores e virtudes que moldam as escolhas pessoais e a convivência social, fazendo-nos refletir sobre as noções de senso, moralidade e respeito à ordem social.

   Elinor representa a razão e o controle, guiando suas decisões e comportamentos pela prudência e pela consciência dos valores morais. Marianne, por outro lado, representa a sensibilidade, vivendo de forma intensa e romântica, muitas vezes desconsiderando as convenções e os conselhos dos mais experientes. É notável como Austen, de maneira sutil, tece uma crítica à impulsividade desmedida e ao desprezo pelas normas, demonstrando como esses aspectos podem comprometer o caráter e a estabilidade familiares. Essa visão ressalta a importância da moderação e da prudência, valores essenciais para o equilíbrio e o bem-estar, especialmente no que se refere à convivência familiar e aos relacionamentos.

   A figura de Elinor parece ser um ideal moral aos olhos de Austen. Ela é a responsável por manter a harmonia, apoiando os próprios sacrifícios em nome da estabilidade e do bem comum. Ao escolher um caminho de moderação e autocontrole, Elinor conquista, por fim, o respeito e o amor daqueles ao seu redor. É um retrato claro da defesa da virtude e da disciplina como fundamentos de uma vida digna e respeitável, ideais essenciais ao pensamento conservador, que valoriza o autocontrole como fundamento de uma sociedade coesa.

   No entanto, Austen não condena totalmente Marianne, pois a jovem representa a paixão e a vivacidade, aspectos que também têm o seu valor. Mas ao descrever as consequências de suas ações impulsivas, Austen parece sugerir que a verdadeira felicidade e realização residem em uma vida regida pela razão e pela temperança.

   Razão e Sensibilidade é, assim, uma ode ao equilíbrio entre os sentimentos e o dever, apresentando-nos uma filosofia de vida que valoriza o respeito à ordem, ao decoro e à moderação como virtudes atemporais. Em um mundo que muitas vezes glorifica o sentimentalismo exagerado e o imediatismo, a obra de Austen permanece relevante, relembrando-nos a importância dos princípios que fundamentam uma sociedade harmoniosa e moralmente estruturada.







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